Acordei com os pés gelados, um frio bom entrando pela janela
Mas meus pés tinham unhas levemente azuladas não do frio lá de fora e sim de uma  nevasca interior.
Sei que pode soar como exagero, mas por favor  tente  entender que  para mim é difícil sentir que minha felicidade depende de OUTRO, presa a OUTRO, você entende??? e é quase pontual sua visita, duas no máximo 3 vezes por ano; Dai acordar as 5 da tarde de uma terça e dar de cara com a carência sentada ao lado da minha cama é assustador.
Espaças as visitas, mas velha conhecida, conheço o seu tempo e seu silencio; Dissimulo, finjo naturalidade e ela espera.
A musica certa para o dia errado foi sua deixa, só dar o play ao sair de casa e  rua o vento gelado no rosto  que  ELA como uma bailarina velha  que reconhece os passos  pela dor de tanto ensaiados, displicente de tão exata  entra em cena .....
Não é ruim,  é estranho, incomodo como uma segunda boca que esta onde não devia e sente fome.
Já sei que os subterfúgio são inúteis, não tem iPad, Adidas, Temaky que resolva, então calmo, aceito e ELA, sim ELA esta envelhecendo como eu, hoje vem mais discreta, sem paciência para os jogos, não suporta o espetaculo olha crua e cansada para os outros, para as cenas, procura o tátil o cotidiano .
E eu? espero, nunca fica mais que dois dias..... como criança que cansa fácil de um brinquedo se cansa de mim....  hoje estava com fome de algo como a  impessoalidade de um quarto de hotel e o calor pesado de um corpo que só por hoje não fosse anônimo.
Agora?? Nada.... eu e ELA aqui em silencio na casa torta nos olhamos cordiais.

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